De acordo com o relatório publicado este mês pelo Boletim Tech do LinkedIn Notícias e o Economic Graph, foi realizada uma pesquisa internacional sobre o crescimento da força de trabalho no setor de cibersegurança. Esse relatório levou em consideração os meses entre maio de 2023 e 2024 e coletou dados utilizando diversos perfis do LinkedIn ao redor de todo o mundo.
E a notícia é boa! O Brasil está em terceiro lugar no ranking de crescimento, onde a taxa de profissionais trabalhando em cargos de cibersegurança cresceu 4,5% durante este ano, ficando atrás apenas da Alemanha, com 4,7%, e da Espanha com 5,5%. Além disso, também estamos no topo da lista de países onde a proporção de vagas, quando comparado com outras indústrias, cresceu 11,2%. Em oito dos 14 países analisados, porém, houve queda, indicando uma possível estagnação global do setor.
E o que esses dados significam para o futuro da cibersegurança?
De acordo com a matéria e Rafael Sampaio, líder da NovaRed no Brasil, a estagnação é apenas “momentânea e circunstancial”, e faz parte de um movimento econômico ainda maior que tem atingido outras carreiras dentro do setor de tecnologia e inovação, sendo apenas um investimento de alto risco e não um sinal de alerta.
Ele diz: “Veja que, com a incerteza das eleições americanas, o mundo está mais ‘lento’, avaliando os impactos, e a economia como um todo está com o freio de mão puxado. A cibersegurança segue tendo um enorme vácuo de contratações. Apenas avalio que, nos investimentos, esta e demais áreas estão ‘na geladeira’.”
De outra forma, incidentes como o recente apagão global de TI que aconteceu no último mês intensificam a desconfiança em relação aos investimentos em cibersegurança.
“Assim como acontece com as empresas de energia, água e outros setores críticos, as grandes empresas de tecnologia que possam representar riscos significativos em caso de falha devem adotar medidas proporcionais à sua responsabilidade. Este tipo de exigência provavelmente será reforçado após o ocorrido”, diz Rafael.
Quais os obstáculos que esse crescimento oferece?
O Brasil possui um grande potencial para expandir sua força de trabalho em cibersegurança. Caso todos os profissionais com habilidades ou certificações na área estivessem atuando efetivamente no setor, o crescimento poderia chegar a 41,7%. Entretanto, um dos desafios para essa expansão é a qualidade das oportunidades de trabalho. O estresse associado à proteção de sistemas críticos contra ameaças cibernéticas tem levado cerca de um terço dos profissionais a considerar a saída de seus cargos, de acordo com uma pesquisa recente da Issa International (Associação de Sistemas de Segurança da Informação, na sigla em inglês).
“Diante de um mercado cada vez mais exigente, as empresas brasileiras precisam avaliar seriamente aspectos como remuneração, modelo de trabalho, processos de seleção e o ambiente organizacional para conseguir atrair e reter talentos”, observou Cláudio Dodt, LinkedIn Top Voice e sócio da Daryus.
Qual o perfil do profissional atual?
O Brasil também se destaca em um aspecto importante: a questão de gênero. Embora ainda seja predominantemente masculino, com 80% da força de trabalho composta por homens, o setor de cibersegurança no país apresentou o maior aumento na participação feminina quando comparado aos dados mundiais, com 4,45%. No entanto, as mulheres ainda representam menos de um terço da força de trabalho. A Itália tem a maior participação feminina, com 26,7%, seguida por Singapura (26,2%) e Canadá (21,2%).
Segundo Divina Vitorino, coordenadora da multinacional Pirelli para a América Latina, estes números são reflexo do trabalho de incentivo à diversidade tocado por grupos de apoio em diversas organizações. “O trabalho árduo desenvolvido pelas comunidades femininas de cibersegurança no Brasil também está refletido nesses números. Há dois sentimentos, até conflituosos: um de que ainda há muito trabalho pela frente e outro de felicidade, por ver de maneira palpável que essas iniciativas estão funcionando”, comenta Divina.
Já Gustavo Marques, líder de segurança da informação na Caju e criador do conteúdo sobre o tema, o aumento da diversidade nas equipes pode ser visto além da questão de gênero. “Antes víamos pouca representatividade e diversidade no setor, inclusive nos eventos de tecnologia e segurança onde o público majoritário era totalmente representado por homens brancos”, comenta.
“Há ainda muito a se fazer, mas acredito que a continuidade dessa presença feminina na área, bem como de pessoas influenciadoras, facilitarão para que mais mulheres vejam que é possível acessar esse mercado, ainda masculino, e desenvolver carreira nele, porque hoje já existem redes de apoio para sustentar esse desenvolvimento.”
Para contribuir com o cenário de profissionais de tecnologia do Brasil, a e-Safer tem trabalhado para ajudar a formar novos talentos prontos para o mercado com a e-Safer Academy, que teve sua primeira turma de alunos neste ano e vai abrir novas vagas em 2025. Com mais de 60 horas de aulas, professores que atuam no mercado e a oportunidade de serem recrutados para trabalhar com a e-Safer, estamos capacitando os novos profissionais de TI com as novas tecnologias e ferramentas disponíveis no mercado.